"Os dias da UNAMET" de Hernâni Carvalho
As cerca de 120 páginas de Os Dias da UNAMET do Hernâni Carvalho voaram...
Conheci o Hernâni Gonçalves há uns anos, num colóquio organizado pelo meu curso sobre Timor Leste. Tivemos a então Embaixadora Ana Gomes (longe ainda das tricas partidárias) a anunciar que Xanana Gusmão não quis ser guerrilheiro mas foi, não quis ser político mas seria, e não queria ser Presidente mas seria-o. A História veio dar-lhe razão. Lembro também de uma comunicação do próprio Xanana lida pelo simpaticíssimo Roque Rodrigues (o melhor embaioxador de Timor a par de Ramos Horta e Ximenes Belo). E lembro-me de um jornalista da RTP, com os seus 30 anos, com uma voz rouca inconfundível, e o coração ao pé da boca. Nessa altura, como no livro, Hernâni Gonçalves não conseguia ser imparcial. Tem uma adoração pelo povo de Timor, tem um ódio de estimação aos indonésios e tem uma revolta incontida para com quem se esqueceu de Timor (desde Kofi Annan ao Papa). em situação de conflito, e os dias pré e pós-referendo em Timor Leste foram de terror, tendemos a escolher um lado. Normalmente é o lado dos mais fracos, daqueles que apesar de todas as atrocidades, conseguiram obter 79% a favor da independência.
Várias vezes, as verdades mais duras saem-lhe desbragadas mas perdoamos porque sabemos que vem do coração. Porque até poderiamos pôr em causa o seu discernimento mas como podemos julgá-lo quando ele foi um dos que nunca abandonou Timor e que acabou como padrinho de uma criança timorense.
Tenho-o visto agora na SIC a vir dar voz a casos que para nós são escabrosos (violência, maus tratos, negligência) e a que viramos a cara, mas é desse jornalismo que ele vive. Desde a causa mais individual (uma criança) até à causa mais internacional (Timor), todas cabem no coração de Hernâni Carvalho.
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