O objecto do mundo
Ela ainda não lhe tinha perdoado! O golpe tinha sido profundo. Algo
dentro se parecia ter quebrado e levaria muito tempo para ser curado. Ele sabia
o que tinha feito! Sabia que agora só o tempo e a sorte poderiam reparar as
coisas. Apesar da mágoa, o corpo dela precisava do dele. Havia uma necessidade
física. Ele apareceu à porta do prédio dela e perguntou se ela queria estar com
ele. Ela só respondeu: "Desço já!". Passados dois minutos, ele viu-a
encaminhar-se para o carro. O vestido verde, fresco de Verão, contrastava com a
pele morena e realçava os imensos olhos azuis. Ela abriu a porta e sentou-se:
"Estaciona o carro ali!" e apontou para um lugar meio escondido. Ele
estranhou mas fez o que ela mandou. Mal desligou o carro, ouviu: "Agora,
cala-te!". Ela abriu-lhe as calças e desceu-as. Sentou-se em cima dele,
levantando um pouco o vestido. Não existiam cuecas e ela logo se encaixou nele.
A surpresa dele não lhe permitiu sequer reagir... Sem beijos, sem carícias!
Sexo apenas... O desejo cru sem sentimento. O sentimento poderia confundir,
poderia recordar coisas menos boas. Não se importou com ele! Usou-o. Ele
merecia e com certeza não se queixava de estar dentro dela. Sentia-se vazia de
sentimentos e soube-lhe bem satisfazer o corpo sem pensar em mais nada. Veio-se
e teve saudades de se vir com ele. Não lhe quis dizer! Ele que sofresse mais um
pouco... Saiu de cima dele e disse apenas: "Soube-me bem". O uso do
reflexivo para afirmar que aquilo tinha sido um momento dela e que ele tinha sido
apenas o objecto. Só o pensava fazer com ele, mas ele não tinha de saber isso!
Despediu-se dele com um beijo na cara e saiu do carro. Ele ficou uns momentos
estupefacto. Não sabia o que pensar ou sentir. Mas sorriu! Ele conhecia-a.
Sabia que nem tudo estava perdido. Vestiu as calças, ligou o carro e arrancou
feliz...
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